Molhes da Barra


A primeira providência oficial para melhorar a segurança da navegação nesta região aconteceu em 1846, quando o Governo Imperial criou a Inspetoria da Praticagem da Barra. Com isso reduziram-se consideravelmente os acidentes na Barra. A partir daí, passou a desenvolver-se uma crescente navegação através da Barra, sendo contadas em 1847, 668 embarcações que a transpuseram. Surgiu um pequeno porto, localizado onde hoje é o Porto Velho, no centro da cidade, freqüentado principalmente por embarcações a vela. A contínua agitação das águas na embocadura, as freqüentes mutações dos canais e as profundidades insuficientes que raramente ultrapassavam 3,6 metros (12'), tornavam a transposição da Barra extremamente perigosa, cobrando um pesado tributo à navegação em acidentes marinhos, inviabilizando o comércio e o desenvolvimento da região.

Em 1855, o Ministério da Marinha enviou o Ten.Cel. Eng. Ricardo Gomes Jardim, especializado em engenharia hidráulica, para estudar a Barra e o Porto e concluiu “que devem reputar-se inexeqüíveis, senão mais nocivos do que úteis, quaisquer construção de pedra ou de madeira, no intuito de prolongar o leito do rio ou dar maior força à corrente”. A seguir, outros consideraram a Barra “não suscetível de melhoramentos por meio de trabalhos hidráulicos”. Em 1860, a profundidade da Barra não ia além de 2,20 metros.

Somente em 1875, Sir John Hawkshaw, comissionado pelo Governo Imperial, visitou o Porto do Rio Grande e propôs a construção de quebra-mares partindo do litoral para o oceano, de um e outro lado da embocadura com uma extensão de cerca de 2 milhas (3.220m) cada.

Em 1906, o engenheiro Elmer Lawrence Cortheill foi contratado pelo Governo brasileiro para executar as obras de fixação da Barra de Rio Grande, com aprofundamento para 10m, e a construção de dois molhes convergentes e um novo porto na cidade do Rio Grande (hoje conhecido como Porto Novo). Cortheill organizou a companhia “Port of Rio Grande do Sul”, com sede em Portland, Estados Unidos, que construiria e exploraria o porto por 70 anos.

Em 1908, devido às dificuldades do engenheiro Cortheill conseguir nos EUA o capital necessário à execução das obras, constituiu-se em Paris a “Compagnie Française du Port du Rio Grande do Sul”, com capitais europeus, à qual foi transferido o contrato através do decreto nº 7.021, de 09 de julho de 1908. Dois anos depois, iniciaram-se efetivamente os trabalhos de construção dos molhes e do novo porto.

Os Molhes da Barra do Rio Grande foram construídos para dar segurança à navegação. No início do século passado, o acesso ao Porto era conhecido pelos problemas de calado e risco de naufrágios. Após várias décadas de estudos e projetos para controlar as condições adversas da entrada do Porto do Rio Grande iniciou-se em 1909 a construção dos Molhes que foi concluída em 1º de março de 1915.

Formados por dois braços de rochas que adentram 4 km no Oceano Atlântico, os Molhes são essenciais para a navegação e de grande importância para a economia do Rio Grande do Sul. Além disso, passaram a ser um inesquecível ponto turístico No Molhe Oeste é possível desfrutar de um agradável passeio de vagonetas à vela, que deslizam sobre trilhos até a sua extremidade. Além disso, é um ótimo local para se contemplar a natureza e para a prática da pesca amadora.

Em 1º de março de 1915, aproximadamente às 17h30min, o navio-escola Benjamin Constant, da Armada nacional, calando 6,35 metros, transpôs a Barra. Por volta das 18h30min, atracou no cais do Porto Novo do Rio Grande, em meio a solenidades festivas.

Os Molhes da Barra do Rio Grande são considerados uma das maiores obras de Engenharia Portuária do mundo. Nessa obra foram colocadas 3.389.000 (três milhões, trezentos e oitenta e nove mil e oitocentas) toneladas de pedras.


Os Molhes da Barra e o seu entorno servem de refúgio a vários animais, tais como gaivotas, garças, biguás, golfinhos e leões-marinhos que se alimentam dos abundantes cardumes de peixes que habitam as águas dos arredores. Também é um dos principais pontos turísticos da região, atraindo praticantes da pesca esportiva e outras modalidades de esporte.

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